Oásis nos desertos da dor

Finalmente algo aconteceu no reino das maravilhas dos bispos ricos, os donos da Igreja Renascer, ou, oops, do Banco de Investimentos Renascer. A sujeira é grande e bem remunerada. Mais uma instituição dedicada a explorar a fé e o desespero humanos.

O casal Sonia e Estevam Hernandes fundou a igreja "Renascer em Cristo" há vinte anos. Nesse período, o clã familiar acumulou 1,2 mil templos, e um patromônio avaliado em 19 milhões de reais, incluindo um haras com 200 cavalos e mansões no Brasil e em Miami. Só faltaram dólares na cueca do bispo Estevam. Ele preferiu tentar esconder alguns dólares na mala e alguns na bíblia. O casal doi pego esta semana tentando entrar nos Estados Unidos com 56 mil dólares, o que equivale a 120 mil reais. O dinheiro não estava declarado. Seria parte de algum ritual sagrado para lavar o dinheiro sujo? Ah ah, só rindo.

As santas doações são aceitas em cartão de débito, crédito e cheque pré. Os envelopes ficam em cima das cadeiras no salão de cada culto. Fé não tem prazo, mas tem preço. Segundo o Ministério Público, a família detém várias empresas que escoam o dinheiro arrecadado nos cultos. Uma verdadeira organização criminosa que transfere altas quantias por semana ou por mês. De 200 a 300 mil dólares.

Essas informações foram expostas no domingo à noite (14/01) no Fantástico, da Rede Globo, que entrevistou uma testemunha que trabalhou com o casal, além de ouvir depoimentos de ex-fiéis. Foram eles que revelaram que a "empresa" aceitava diversas formas de pagamento por seus "serviços". Se você não paga Deus pode não te abençoar como numa espécie de ameaça. Um ex-funcionário que tinha acesso a dados confidenciais contou que a família trocava o guarda-roupa todos os anos. Os entrevistados, obviamente não se identificaram.

O casal está preso em Miami aguardando que seu advogado, o Sr. Luis Flávio D´Urso, consiga um habeas-corpus que até hoje foi negado. A renascer emitiu nota à imprensa explicando que tudo não passa de um mal entendido, por um erro na declaração dos bens nos formulários da alfândega.

Se eles retornarem logo ao Brasil, muitos esclarecimentos os esperam: 110 processos e 12 milhões em dívidas, fora os 7 milhões que eles devem à Receita Federal. E eles custam caro, a fiança fixada pela justiça norte-americana é de 100 mil dólares. Por enquanto, eles ainda correm o risco de serem julgados onde estão, e por um juri popular.