Saturday, January 06, 2007

Concerto particular

Estava eu no caminho para o trabalho e ouvi no rádio uma história muito interessante, inusitada. Tipo...esses momentos que te fazem pensar, pensar no significado das coisas. Me pegou num momento de nada, sentada dentro do ônibus. Lembrei que tinha um radinho e resolvi ouvir um pouco de música ao invés de me contentar com o ronco do motor do busão e dos meus devaneios constantes. Sintonizei na Eldorado Fm (ótema!). A assessora de imprensa Gilda Matoso, ex e última mulher de Vinicius de Moraes, acaba de lançar o livro "Assessora de encrenca", contando os "causos" dos mais de 20 anos de carreira. O caso que ela contou foi muito bom, e nada tem a ver com assessoria de imprensa.

Gilda contou que certa vez, na década de 70, ela, Vinicius, a sua filha, e o Tom Jobim foram passar o carnaval num sítio no Rio de Janeiro. Para tanto, Gilda contratou uma empregada que tomaria conta da menina e dos afazeres do casarão. Quando comentou com a empregada que ela ía trabalhar na casa de Vinicius de Moraes, a moça deve ter pensado que ía ter festa todo dia, uma loucura, ficou toda animada. Ela tinha comentado com Gilda que adorava carnaval, e que sempre pulava e tal. Todavia, a cabrocha se enganou. O sítio era um local silencioso, não tinha televisão, nem rádio, e todos dormiam cedo. Todos os dias bem cedo, Tom Jobim gostava de trabalhar, compondo, ou tocando alguma música. A empregada, muito carnavalesca, não suportou tamanha calmaria e pediu demissão para ir até a cidade brincar o carnaval. O comentário da empregada foi o seguinte: "Oh, Dona Gilda, eu não aguento mais esse homem de pijama cantando música triste todo dia, logo de manhã, vou-me embora". Ahhh, vejam bem: essa criatura tinha um concerto particular de Tom Jobim todo dia e nem se deu conta do que estava deixando pelo carnaval. Que coisa!

2 Comments:

At 6:15 PM, Blogger Vinicius said...

Entendo as reclamações. Vivi uma situação parecida a caminho do Rio. Eu ia com dois amigos. Talvez porque o carro fosse meu, eu controlava a trilha musical. Íamos ouvindo músicas brasileiras, muito Tom e Vinicius, diga-se. Mas acho que eles não estavam acostumados porque a certa altura não agüentaram mais: "Porra, meu! você tá triste? Só ouve essas músicas!"
Agora não sei se eles deviam ouvir música com essa mulher ou se eu é que devia trabalhar na casa do Tom e do Vinicius...

 
At 9:52 AM, Blogger Juliana Guerra said...

Tem gente que não tem noção, né?... hehehehe...

 

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