Tuesday, February 20, 2007

Lost in translation

Eu só me lembro de estar sentada num banco de madeira, e era confortável, lembro também de ser em frente ao mar num pôr-de-sol. Sempre em frente ao mar, imagino que estou pensando e resolvendo meus dilemas. Depois senti uma paz, e minha mão foi aquecida por outra mão. Eu tinha meus olhos tão fixos nos raios solares magnéticos do horizonte que não pude olhar. Tamanho era meu entorpecimento. Continuava sentindo aquele calor, era um conforto muito grande, que tomou conta de mim, me aliviou a alma, tirou-me os pesos e toda a responsabilidade.
Senti-me tão leve, tão pura, tão bela, que imaginei - estou morta, sonhando, isso não pode ser real- então, uma voz me disse em tom hipnótico: Tudo é real. Como que despertando daquele transe extremamente bom, girei o pescoço num ato tão corriqueiro e vi. Tive uma visão.
Eu só tinha visto aquilo em filmes.
Uma pessoa, que não parecia homem ou mulher, mas, bem mais sereno. Olhos cor de mel, e cabelos da mesma cor dos meus, ruivos levemente alaranjados. Ao ver aquilo, minhas pupilas arderam, eu lacrimejei, na verdade, chorava sem querer. Meu corpo todo em estado de alerta. Me comparei a ele(a), me achei bonita também. De repente, ele(a) abriu a boca e começou a falar algo. Não consigo me lembrar o que era. Não consegui me concentrar, só conseguia olhar para os seus cabelos, e seus olhos. E esqueci de tudo. Senti que nada era tão grave. De novo achei que estivesse para morrer tamanha a clareza daquela sensação boa.
Em nenhum momento aquela criatura deixou de segurar a minha mão. Tudo estava em slow motion, eu sentia que estava parada, e sentia cada segundo, via os lábios se mexendo. Mesmo sem saber direito o que ele(a) dizia, sei que foi algo bom para me confortar e me ajudar a passar por essa fase difícil, que trará dias novos depois.
De trás dele(a) vinha a luz do sol, que me cegava um pouco. Isso tudo ía me deixando mais presa, mais atenta.
Ele(a) parou de falar e se levantou. Fez-se uma sombra, duas asas enormes, cheirosas e brancas se abriram à minha frente. Meu anjo da guarda falou comigo, segurou minha mão e me disse algo que provavelmente mudará tudo. Porém, não me lembro. Deve ser isso mesmo. Eu não preciso ter certeza do que ele(a) me disse, como na última cena de "Lost in translation". Algo que será descoberto dali a pouco. Gosto de imaginar que ele(a) está sempre comigo.

1 Comments:

At 11:29 PM, Anonymous Anonymous said...

This is great info to know.

 

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