Carta pra ninguém
Não quero deixar esfriar tudo. Preciso lutar para manter a chama bem acesa. Não desanimar nunca, não descuidar de nada. Ás vezes, eu tenho a impressão de que realmente mudei, de que deixei para trás todos aqueles pequenos desejos, pequenos sonhos, pequenos detalhes, tão pequenos, tão caros e essenciais para mim.
Mas, de repente, do mais absoluto nada, sinto algo sacudir, me chamando, gritando e se silenciando novamente. A verdade é que não posso e nem tenho como negar o que sou.
Penso em muita coisa. Coisas que ganham progressão geométrica na minha insônia. No meu torpor, uma pontinha de fracasso. Penso em livros, em literatura, cinema e romantismo barato e naquilo que eu sou. Talvez isso tudo seja apenas uma transformação. Eu mudei. Mas nem tanto. As fantasias permanecem.
Estou entre outras coisas aceitando e entendendo quem EU sou. Eu quero que minhas inquietudes tenham vazão.
Através da arte, através de mim mesma. Elas precisam sair.
Já houve ocasiões em que tudo o que se quer é se teletransportar para um outro plano, outro lugar, e mandar todas as vozes se calarem. Abstrair e fingir demência, viajar na maionese. O problema dessa prática é de um dia se fazer uma viagem sem volta. A gente pode se acostumar e esquecer de pegar o retorno na estrada de tijolinhos amarelos. E passar muito tempo tentando contatar o Mágico de Oz. A bruxa do Oeste é feia, mas usa sapatos brilhantes de lantejoulas. É sempre assim, para chegar lá (oi!?onde?!) a goela tem que ser alargada para o livre trânsito de sapos, e os pés devidamente enterrados em jacas.
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